Por Andréa Antunes
Mudar a compreensão do que é brincadeira, mostrar aos pais que brincar é coisa séria e que a brincadeira deve ser estimulada é o desafio que se coloca para os educadores contemporâneos, imersos em uma sociedade marcada pela competitividade e onde a agenda das crianças é preenchida com atividades direcionadas para o desenvolvimento.
“Vivemos em uma sociedade de metas e a ideia das metas é tirar o máximo de cada pessoa para atingir objetivos inalcançáveis. Isso faz com que as pessoas fiquem cada vez mais ansiosas e estressadas. Hoje, há uma exacerbação do individualismo que leva ao distanciamento do outro”, alertou Carlos Alberto de Mattos Ferreira, doutor em Saúde, em sua palestra no Congresso Rio de Educação 2015.

Ao falar sobre tema “A Importância do brincar na escola”, o especialista, que é psicólogo, psicanalista e psicomotricista, lembrou que as crianças estão divididas entre o que chamou de brincadeiras com os games (digital) e as brincadeiras livres (analógica). “As duas são importantes, mas é preciso lembrar que os jogos vêm com uma programação pronta. A criança deverá cumprir tudo o que já está predeterminado para zerar o jogo. Já na brincadeira digital livre, a programação está aberta. Cada etapa será superada de uma forma. A transformação vai depender do que ela produzir”, disse o especialista, ressaltando que brincar é a mais alta função de desenvolvimento e aprendizagem das crianças.
Carlos Mattos lembrou ainda que os pais precisam entender a importância da brincadeira no processo de desenvolvimento e aprendizado. “A brincadeira é vista como perda de tempo. Os pais falam que a criança vai para escola brincar, como se a brincadeira fosse algo desprezível. O momento livre é desprezado. Há uma compulsão para que todo o tempo seja preenchido com atividades acadêmicas e isso é um erro. É na brincadeira que ela desenvolve sua subjetividade”, afirmou.
O especialista também chamou atenção para os efeitos da sociedade sobre as crianças. “Elas vivem com a atenção dividida em inúmeros focos e são educadas e estimuladas em um processo de educação pulverizada que é consequência da sociedade de hoje, onde há muita informação em velocidade”, destacou.
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